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Há uma histeria na transição energética, diz CEO

  • Foto do escritor: Cris Schmidt
    Cris Schmidt
  • 23 de jun.
  • 4 min de leitura

Cristiane Alkmin Schmidt, presidente da MSGás, diz que matriz já é limpa e defende exploração de petróleo



Ex-secretária de Economia do governador de Goiás, Ronaldo CaiadoCristiane Alkmin Schmidt hoje comanda a MSGás, distribuidora do Mato Grosso do Sul, a maior do Centro-Oeste. Lá ela vive um dos problemas que tentou combater quando foi conselheira do Cade: o monopólio da Petrobras no mercado de gás.


Em 2019, no governo Jair Bolsonaro, a estatal decidiu assinar um acordo com o órgão antitruste e vender seus braços de transporte e distribuição. A medida foi revista no governo Lula e, em 2024, a Petrobras voltou atrás.


A executiva critica a medida, que afeta diretamente a gestão da companhia e diz que esse legado ajuda a manter os preços elevados. Ela defende a construção de termelétricas como saída para estimular o mercado e servir para garantir a segurança energética do país diante da incapacidade de eólicas e solares de entregarem energia firme ao sistema.


É a favor da redução do uso dos combustíveis fósseis?Existe uma certa histeria na transição energética. O Brasil não é tão poluente quanto o restante do mundo e é muito claro que temos uma matriz elétrica e energética limpa. Podemos sempre melhorar, mas não de qualquer forma e a qualquer custo.


Como seria isso?A gente precisa fazer as coisas aos poucos, pensando no custo, porque quem paga a conta não quer que ela seja tão alta.


O que é urgente, então?Pensar na segurança energética, porque hoje o que a gente tem pode ser um problema futuro, com essas energias intermitentes. Já é um problema. Há grandes desafios e eles estão postos. A gente tem que explorar o petróleo. Se o mundo está demandando petróleo até 2050, temos de aproveitar esse 'boom'.


Mas a senhora comanda uma empresa de gás natural.A gente tem que fazer uma matriz complementar, não tem que pensar em transição necessariamente. Agora, o que a gente pode fazer é, por exemplo, trocar algumas fontes por outras. Por exemplo, carvão e diesel poderiam ser alijados. E acho que aí entraria o gás natural, que, ainda que seja um combustível fóssil, é menos poluente do que essas duas. Futuramente, quando o custo estiver bom, o gás natural seria substituído pelo biometano. Não adianta querer empurrar à força, com o custo lá em cima, porque também não tem quem pague.


O governo quis abrir o mercado de gás com o novo marco legal. Funcionou?Teve um up [alta]. Em 2022, o mercado, dominado pela Petrobras, começou a ser um pouquinho modificado com a entrada de novos players [competidores].


A Petrobras rompeu o acordo assinado com o Cade que a obrigava a vender suas empresas de transporte e distribuição de gás. Isso atrapalhou?Quando fui do Cade, pedimos a desverticalização da Petrobras e, hoje, vejo como acertada aquela decisão. Ela foi revertida, mas muitas das privatizações não. Teve, no transporte, a venda da TAG e a da NTS. Quando chegou a vez da TBG [dona do Gasoduto Brasil-Bolívia], o Cade voltou atrás. Isso ainda é um problema, porque você tem uma empresa monopolista na produção. Ela escoa, processa e transporta, via TBG.


O que, então, atrai as novas empresas?O potencial do mercado. Há players importando GNL [gás liquefeito] não só da Argentina, mas de outros países, chegando por navios. Ainda é uma proporção pequena, mas já estão conseguindo fazer com que o preço da molécula caia, porque a Petrobras está vendo a competição chegar e ela mesma está diminuindo o preço para não perder esse mercado.


Como ganha dinheiro em um mercado ainda sem escala?A TBG passa pelo Mato Grosso do Sul logo na entrada do Brasil, o que afeta positivamente no preço para a nossa companhia. Temos contratos com a Petrobras, mas também estamos conseguindo uma molécula mais barata também porque há novos competidores comercializando.


As empresas reclamam que os contratos herdados da Petrobras pela TAG e NTS são muito caros. Essa conta dura muito ainda?São os chamados contratos legados, que estavam vigentes e incorporaram um preço muito elevado. Esta é uma das possíveis razões para termos um preço maior do que deveria, porque a gente não pode simplesmente rasgar esse contrato e diminuir o preço. Acho que isso é um dano para o mercado muito maior do que você esperar terminar o contrato legado. Mas esses contratos estão vencendo. No nosso caso, um termina em 2026.


Qual o peso de uma termelétrica no seu negócio?Hoje, é muito pouco porque ela quase não é acionada. Com essas novas agora, desse leilão de capacidade, vai aumentar a demanda por gás se elas entrarem, de fato, em funcionamento. A maior indústria hoje no Mato Grosso do Sul consome 300 mil metros cúbicos de gás por dia. Uma termelétrica oscila entre 1 milhão e 2 milhões de metros cúbicos por dia. Uma usina dessa puxa [consumo] além de dar estabilidade ao sistema elétrico.


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